Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2005
Que paciência!...
Se uma doença nos ataca, ao menos que se consiga ver para poder tratar. Uma perna partida, engessa-se. Falta de vista? Usa-se óculos. Caldinhos quentes e cama para uma constipação. Que fazer quando o espírito voou para um lugar desconhecido e longínquo?
Cada dia que passa, mais difíceis vão ficando as coisas. Acho que talvez a minha mulher tenha falta de uma actividade, alguma responsabilidade, algo que a faça sentir-se viva e necessária.. Tenho pensado em algumas coisas que ela pudesse fazer, algo que lhe ocupasse o tempo. A ideia veio de algo que ela gosta muito. Velas. Tem a casa cheia delas, amarelas, vermelhas, azuis. Tem uma predileção especial por estas, tendo uma sempre acesa. Se calhar é superstição, não me admiro nada, mas sente-se bem com elas. Normalmente, percorre as casas todas aqui à volta, à procura «daquela» vela mais bonita, mais interessante, mais fora do vulgar. Quando não é ela, até os meus filhos já participam, trazendo-lhe uma vela daqui e outra dali.
Gostou imenso da ideia. Criar uma empresa para comercializar velas. Está já a pensar noutras coisas, velas aromáticas, incensos, óleos, entusiasmo, pelo menos inicial, não lhe falta. Fomos às Finanças abrir a actividade. A mim, cabe-me a gestão da imagem. Criar logotipos, impressos, página na internet. A ela, a execução dos contactos comerciais. Eu crio as bases de dados, tabelas, catálogos. Ela recolhe as informações, faz telefonemas. Agita-se. Vive.
O primeiro passo é arranjar algo para vender. Não se pode fazer nada, sem produto. Há que encontrar fornecedores. Primeira fase: procurar fabricantes de velas em todos os suportes conhecidos, internet, listas telefónicas e comerciais, bases de dados. Segunda fase: contactar esses hipotéticos fornecedores. Crio uma mailing list e um e-mail de contacto. Crio um logotipo, registo um domínio na internet. As coisas parecem avançar. Ela procura fornecedores, telefona-lhes, recolhe moradas e outros dados. Até fico admirado como se está a safar tão bem com o computador. Há anos que não toca num, a última vez ainda se usava o Wordstar e o Lotus 123! Depois de uns empurrões, já mexe com o Firefox para a frente e para trás. Mete-lhe ainda muita confusão o copy/paste do Windows. Não faz mal, recorre-se a um bloco de notas e escreve-se à mão, mesmo.
Passado um bocado aparece ao pé de mim com uma folha. Nota-se que há algo que não está bem, que a preocupa.
__ Não consigo!... __ Mostra-me o papel, onde meia dúzia de moradas estão escritas, bem, mais ou menos. As primeiras ainda se conseguem ler, as outras é impossível. Mal consegue segurar a caneta. Abraço-a enquanto ela se encolhe... É preciso paciência.
Não, quer dizer, não há palavras porque de facto o blog tem o nome hiper adequado. Resta-me deduzir que uma boa ideia e uma má escrita deu um saldo paciente, o que não me parece negativo! hum? Fica bem e resmas de beijos pacientes para a família
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