Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2005
Que paciência!...
Se ao menos uma vez, algo corresse bem, quando as minhas intensões são boas!
Hoje tinha de ir a Lisboa à tarde. Reunião para desenvolvimento de um projecto que está em curso, um novo restaurante da cadeia da minha empresa. Pensei que talvez fosse bom ficar por casa, sempre podia ajudar em alguma coisa, quanto mais não fosse, fazer companhia.
O dia começou logo mal. Devia ter desconfiado que aquela história de fazer as camas não ia resultar. Após os miúdos terem ido para a escola, passo por acaso pelo quarto deles. Parecia o Hotel da Barafunda. É claro que as camas ficaram por fazer e as roupas espalhadas na casa de banho. Penso em telefonar-lhes para o telemóvel, mas páro no último minuto. Quando dou aulas, também não gosto de ser interrompido pelos toques dos telemóveis. Já basta quando tem mesmo de ser. Aproveito e mando-lhes uma mensagem pelo computador. Dá para escrever depressa, muito e ainda aproveito a mensagem de um para o outro.
Meio-dia. A minha conta ainda não apresenta o resto do meu ordenado. Estou a ser mal pago, tarde e, subsídio de Natal a cair para o esquecimento. A resposta ao meu telefonema é um «__ Já está feita a transferência.» Quanto ao subsídio «__ Isto está mal.». Pois é, está mal, mesmo. Há contas para pagar.
__ Pai, o que é o almoço? Não há nada no frigorífico! __ Agora é que me dizem. Vista de olhos geral, o resto de um saco de filetes e o de uma embalagem de bifanas. Não dá para fazer nada com aquilo. Saída rápida para ir ao supermercado. Já estou a ficar arrependido de ter ficado em casa.
Hora de almoço. Adivinhem quem é o cozinheiro. Ementa ultra-rápida. Sopa de caldos Knorr com restos da massa de ontem, arroz cozido com milho e salsichas fritas com ovo cozido. Dá para desenrascar. Peço ajuda.
__ Sandra!... Pergunta à Mãe se come um ovo. __ A resposta é não. Não pode comer ovos, está proibida. Acredito mesmo, falta os bolos, e similares, mas isso dá pano para outro artigo.
__ Sandra!... Dá aqui um jeito. __ Pois sim, a panela da sopa ferveu por fora. Confesso que me estou a enervar. Ela já está com «aquela» cara. O que se passa?
__ Entro à uma. __ Belo, faltam cinco minutos. Quem me mandou ficar em casa? Já estou arrependido. Frito as salsichas, mas ainda faltava mais uma. Da minha mulher.
__ Não faças para mim. __ Espera lá! Não?!
__ Eu como um ovo. __ Rebentei. Só tinha cozido três, não contara com ela, pois claro. Não podia comer ovos! E agora queria um.
De repente está tudo amuado. Raios, devia ter ido para o escritório logo de manhã... É preciso paciência.