Que paciência!...
Se calhar quem está errado sou eu.
Já a semana passada tinha acontecido algo semelhante, basta relembrar o artigo
«Fiquei em casa mas não devia» e hoje o dia repetiu-se, mas com contornos mais graves.
Chegou o meia-dia e a minha filha pediu-me o computador emprestado para digitalizar umas imagens, por outras palavras, disse-me que tinha acabado a manhã de trabalho.
Fui ver a minha mulher que continuava deitada. Dormia. Para não ficar sem fazer nada, vou para a cozinha, achei melhor ir fazer o almoço. Uma panela daqui, um tacho dali, tiro a carne que já estava descongelada dentro do micro-ondas. Confesso que nunca percebi isto. Um micro-ondas é para fazer rapidamente qualquer coisa, mesmo que seja descongelar um bife quando nos chega mais um para jantar, agora no dia-a-dia... acho um desperdício. Mesmo de inverno, se deixarmos um bocado de carne congelada fora do frigorífico, ela descongela. Mas quem gelou fui eu, pois a minha mulher apareceu à porta da cozinha, com nada melhor para dizer que:
__ Para que é que vieste fazer isto? Eu já estava a tratar do almoço! __ Pois estava, só se fosse no país dos sonhos. Ainda lhe digo para me ajudar, mas depois de cortar a carne em cubos para fritar, achei melhor desaparecer de fininho. Como bom marinheiro, as nuvens no horizonte avisavam-me da tempestade no meio da bonança. Saí da cozinha. Vamos ver como se está a safar a miúda. Tinha digitalizado metade de um livro, se não era parecia, pela quantidade de janelinhas minimizadas, seis filas certinhas, e agora queria imprimir aquilo. Queria! Com o anti-virus a fazer a verificação agendada, o player a manipular 12 gigas de mp3's, o Open Office, o Mozilla Firefox com meia dúzia de tabs abertas, o Foxmail e mais meia dúzia de coisas por baixo, não há pentium que aguente. Vou à rua tirar fotocópias, que é mais rápido e barato.
Regresso a casa pronto para almoçar. Mesa posta, comida na mesa e a miúda já a comer.
__ A Mãe disse para eu me despachar que entro à uma. __ Onde é que estará a minha mulher? Vou até ao quarto, pensando que se estivesse até a sentir mal, mas não. Está deitada soerguida de lado, telefone na mão, enquanto se ri à vontade com quer que seja que está do outro lado. Pelo menos parece bem disposta, nada de desmaios nem tonturas. Deve ser a mãe, então há conversa para duas horas, por isso o ter mandado a minha filha comer. Vou fazer o mesmo.
Já estava no café quando apareceu.
__ Já comeste? Nem me chamaste, não conseguia sair da cama... __ Espera aí, agora que está a falar comigo já está doente outra vez? Ainda tento uma desculpa, tipo julguei que ias demorar, mas o mal já estava feito. Direitinha para a cama, queda pelo caminho, ficou sem almoçar... É preciso paciência.